terça-feira, 26 de janeiro de 2010


Do Desejo
de Hilda Hilst



E por que haverias de querer minha alma

Na tua cama?

Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas

Obscenas, porque era assim que gostávamos.

Mas não menti gozo prazer lascívia

Nem omiti que a alma está além, buscando

Aquele Outro. E te repito: por que haverias

De querer minha alma na tua cama?

Jubila-te da memória de coitos e de acertos.

Ou tenta-me de novo. Obriga-me.

(Do Desejo - 1992)



* * *



Colada à tua boca a minha desordem.

O meu vasto querer.

O incompossível se fazendo ordem.

Colada à tua boca, mas descomedida

Árdua

Construtor de ilusões examino-te sôfrega

Como se fosses morrer colado à minha boca.

Como se fosse nascer

E tu fosses o dia magnânimo

Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.

( Do Desejo - 1992)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010


... Trocar a precariedade da existência humana e da vida... A fugacidade dos bens materiais? A fugacidade do tempo? ... A falta de sentido da vida, a solidão que estou condenada, a vida como sonho e pesadelo (TODOS OS DIAS)... A distância... A perda... A falta...

O que é um ser dissimulado? É agir de modo a não ser precebido pelos predadores.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Ode ao Haiti


O Haiti (em francês Haïti; no crioulo haitiano Ayiti) é um país das Caraíbas possuindo uma de suas duas fronteiras terrestres com a República Dominicana, a leste; Além desta fronteira, os territórios mais próximos são as Bahamas e Cuba a noroeste. A capital do Haiti é Porto Príncipe (Port-au-Prince). Os primeiros humanos nesta ilha chegaram há mais de 7000 anos, mas pela visão do colonizador, foi em 5 de dezembro de 1492, que tudo começou civilizadamente (?) porque Cristóvão Colombo chegou ao que ele chamou de uma grande ilha, à qual deu o nome de Hispaniola. Mais tarde passou a ser chamada de São Domingos pelos franceses – e o início de grandes acordos comerciais que traziam o hoje Haiti como moeda. Dividida então, entre dois países, a República Dominicana e o Haiti, é a segunda maior das Grandes Antilhas, com a superfície de 76.192 km² e cerca de 9 milhões de habitantes, tem 641 quilômetros de extensão entre seus pontos extremos, a ilha tem formato semelhante à cabeça de um caiman (ou caimão) que é um pequeno crocodilo abundante na região, cuja "boca" aberta parece pronta a devorar a pequena ilha de La Gonâve. O litoral norte abre-se para o oceano Atlântico, e o sul para o mar do Caribe (ou das Antilhas).
Já no fim do século XVI, quase toda a população nativa havia desaparecido, escravizada ou morta pelos conquistadores. A parte ocidental da ilha, onde hoje fica o Haiti, foi cedida à França pela Espanha em 1697. No século XVIII, a região foi a mais próspera colônia francesa na América, graças à exportação de açúcar, cacau e café. Após uma revolta de escravos, a servidão foi abolida em 1794. Nesse mesmo ano, a França passou a dominar toda a ilha. Em 1801, o ex-escravo Toussaint Louverture tornou-se governador-geral, mas, logo depois, foi deposto e morto pelos franceses. O líder Jacques Dessalines organizou o exército e derrotou os franceses em 1803. No ano seguinte, foi declarada a independência e Dessalines proclamou-se Imperador. Após período de instabilidade, o país é dividido em dois e a parte oriental - atual República Dominicana - reocupada pela Espanha. Em 1822, o presidente Jean-Pierre Boyer reunificou o país e conquistou toda a ilha. Em 1844, porém, nova revolta derrubou Boyer e a República Dominicana conquistou a independência.
Da segunda metade do século XIX ao começo do século XX, 20 governantes sucederam-se no poder. Desses, 16 foram depostos ou assassinados. Tropas dos Estados Unidos da América ocuparam o Haiti entre 1915 e 1934 – períodos entre a 1ª. e a 2ª. Guerra Mundial, sob o pretexto de “proteger os interesses norte-americanos” no país. Em 1946, foi eleito um presidente negro, Dusmarsais Estimé. Após a derrubada de mais duas administrações governamentais, o médico François Duvalier foi eleito presidente em 1957 – não podemos esquecer que a ilha do Haiti é território estratégico para as chamadas disputas entre Capitalistas e Comunistas a época da Guerra Fria. François Duvalier, conhecido como Papa Doc, instaurou feroz ditadura, baseada no terror policial dos tontons macoutes (bichos-papões) - sua guarda pessoal -, e na exploração do vodu. Presidente vitalício, a partir de 1964, Duvalier exterminou a oposição e perseguiu a Igreja Católica. Papa Doc morreu em 1971(CRUZES, EU NASCI NESSE ANO!!!)... E foi substituído por seu filho, Jean-Claude Duvalier - o Baby Doc (e o estrago continuou).
Em 1986, Baby Doc decretou estado de sítio. Os protestos populares se intensificaram e ele fugiu com a família para a França, deixando em seu lugar o General Henri Namphy. Eleições foram convocadas e Leslie Manigat foi eleito, em pleito caracterizado por grande abstenção – por absoluto medo. Manigat governou de fevereiro a junho de 1988, quando foi deposto por Namphy. Três meses depois, outro golpe pôs no poder o chefe da guarda presidencial, General Prosper Avril.
Depois de mais um período de grande conturbação política, foram realizadas eleições presidenciais livres em dezembro de 1990 a qual foi vencida pelo padre esquerdista Jean-Bertrand Aristide, e eu me lembro como se fosse ainda hoje, que minha mãe mulher extremamente antenada, professora e advogada, discutiu veementemente esse fato, dizendo “Infelizmente a geração Doc deixa rastos de desgraça que jamais serão revertidos, os dominadores americanos (do norte), pensam que apoiando um padre resolverão o problema da miséria instalada nesse país, reforçam e confundem, portanto, religião com política e isso é lastimável” – Sábia Dona Vera Lúcia, ela faleceu em abril de 91 e não viu que em setembro do mesmo do ano, Aristide foi deposto num golpe de Estado liderado pelo General Raul Cedras e se exilou nos EUA. A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e os EUA impuseram sanções econômicas fortíssimas ao país para forçar os militares a permitirem a volta de Aristide ao poder. Já em julho de 1993, Cedras e Aristide assinaram um pacto em Nova York, acordando o retorno do governo constitucional e a reforma das Forças Armadas. Em outubro de 1993, porém, grupos paramilitares impediram o desembarque de soldados norte-americanos, integrantes de uma Força de Paz da ONU. O elevado número de refugiados haitianos que tentavam ingressar nos EUA fez aumentar a pressão americana pela volta de Aristide. Em maio de 1994, o Conselho de Segurança da ONU decretou bloqueio total ao país. A junta militar empossou um civil, Émile Jonassaint, para exercer a presidência até as eleições marcadas para fevereiro de 1995. Os EUA denunciaram o ato como ilegal. Em julho, a ONU autorizou uma intervenção militar, liderada pelos EUA. Jonaissant decretou estado de sítio em 1º de agosto. Em setembro de 1994, uma força multinacional, liderada pelos EUA, entrou no Haiti para reempossar Aristide. Os chefes militares haitianos renunciaram a seus postos e foram anistiados. Jonaissant deixou a presidência em outubro e Aristide reassumiu o País com a economia destroçada pelas convulsões internas. No período de 1994-2000, apesar de avanços como a eleição democrática de dois presidentes, o Haiti viveu mergulhado em crises político-administrativas com reflexo cultural e devido à instabilidade, não puderam ser implementadas reformas políticas profundas. A eleição parlamentar e presidencial de 2000 foi marcada pela suspeita de manipulação por Aristide e seu partido. O diálogo entre oposição e governo ficou prejudicado. Em 2003, a oposição passou a clamar pela renúncia de Aristide. A Comunidade do Caribe, Canadá, União Européia, França, Organização dos Estados Americanos e Estados Unidos, apresentaram-se como mediadores. Entretanto, a oposição refutou as propostas de mediação, aprofundando a crise. Em fevereiro de 2004, eclodiram conflitos armados em Gonaives, espalhando-se por outras cidades nos dias subseqüentes. Gradualmente, os revoltosos assumiram o controle do norte do Haiti. Apesar dos esforços diplomáticos, a oposição armada ameaçou marchar sobre Porto Príncipe. Aristide foi retirado do país por militares norte-americanos em 29 de fevereiro, contra sua vontade, e conseguiu asilo na África do Sul. De acordo com as regras de sucessão constitucional, o presidente do Supremo Tribunal (Court suprême), Bonifácio Alexandre, assumiu a presidência interinamente e requisitou, de imediato, assistência das Nações Unidas para apoiar uma transição política pacífica e constitucional e manter a segurança interna. Nesse sentido, o Conselho de Segurança (CS) aprovou o envio da Força Multinacional Interina (MIF), liderada pelo Brasil, que prontamente iniciou seu desdobramento.
Considerando que a situação no Haiti ainda constitui ameaça para a paz internacional e a segurança na região, o Conselho de Segurança decidiu estabelecer a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), que assumiu a autoridade exercida pela MIF em 1º de junho de 2004. Para o comando do componente militar da MINUSTAH (Force Commander) foi designado o General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, do Exército Brasileiro. O efetivo autorizado para o contingente militar é de 6.700 homens, oriundos dos seguintes países contribuintes: Argentina, Benin, Bolívia, Brasil, Canadá, República do Chade, Chile, Croácia, França, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal, Turquia e Uruguai.
Em 12 de janeiro de 2010, veio mais “um tiro de misericórdia” que somado a história do próprio país, cruelmente, a natureza mostrou-se também perigosa por meio de um terremoto de proporções catastróficas, com magnitude de 7.0 pontos na escala Richter, atingiu o país a aproximadamente 22 quilômetros da capital, Porto Príncipe. Em seguida, foram sentidos na área múltiplos tremores com magnitude em torno de 5.9 graus. O palácio presidencial, várias escolas, hospitais e outras tantas construções civis ficaram destruídas. Estima-se que 80% dessas construções de Porto Príncipe foram destruídas ou seriamente danificadas. O número de mortos não é conhecido com precisão, embora fontes não oficiais afirmem que podem chegar aos 200 mil, e o número de desabrigados pode chegar aos três milhões. Diversos países disponibilizaram recursos em dinheiro para amenizar o sofrimento do país mais pobre do continente americano. O presidente norte americano Barack Obama, afirmara logo após a tragédia geológica, que o povo haitiano não seria esquecido, obrigando a comunidade internacional a refletir sobre a responsabilidade dos países que exploraram e abandonaram o Haiti (inclusive seu próprio país???!!!). Segundo as Nações Unidas, o abalo sísmico foi o pior desastre já enfrentado pela Organização desde sua criação em 1945. O terreno do Haiti consiste principalmente de montanhas escarpadas com pequenas planícies costeiras e vales fluviais. O leste e a zona central é um grande planalto elevado.
O catolicismo romano é a religião de estado, professada pela maioria da população. Houve várias conversões ao protestantismo sendo agora essa a segunda mais popular religião do país. Muitos haitianos também praticam tradições vodu, sem ver nelas nenhum conflito com a sua fé cristã.
A padroeira do Haiti, na Igreja Católica, é Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

... Presente real de ano novo.


...Eu acredito nas formas de gostar que desafiam os rótulos das embalagens. Eu tenho um gostar que não tem rótulos. Pessoas podem até me dizer, tal qual o refrão da música Save a Prayer de Duran Duran (Some people call it a one night stand but week and can call it paradise)...portanto...Sofro porque pessoas querem me enquadrar em qualquer modelo de sociedade pré estabelecida, mas de verdade, sou absolutamente feliz porque vivo como eu quero e amo quem eu quero e como eu quero independente dos rótulos dessa sociedade medíocre que precisar ser big, master, hiper e ter sempre algo em seu nome ou com algum nome...A semiótica explica tudo!?...não sei, mas sei que Dostoievski me entenderia, ah, entenderia...E assim, desejo que você viva o novo ano que nasce agora como quem vive a felicidade momentânea do prazer absoluto de ser feliz independente do que o mundo acha, independente do que pessoas pensam... Seja você mesmo principalmente em sua forma de amar.Seja presente, independente de formas e formatos.